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Critiques

Um volume extenso contendo alguns dos ensaios mais importante de Sellars, com clássicos como Some reflections on language games e Philosophy and the scientific image of men, três bons ensaios sobre Kant, um bloco inteiro onde seu nominalismo é exposto, um bloco com contribuições para a filosofia da linguagem, outro que coloca esta em contato com a crítica ao empirismo, a relação representativa pré-linguística com o mundo, a filosofia da mente; por fim, um que lida com a ciência e algo da posição naturalista do autor. Há em tudo isso uma pletora de ideias instigantes e desenvolvimentos geniais. Alguns: a defesa das inferências materiais contra o logicismo que quer dispensá-las; a extração das consequências de possuirmos uma linguagem na qual os condicionais subjuntivos são essenciais - a linguagem modal tem caráter metalinguístico; significados são relações internas à linguagem e há transições de entrada e de saída da linguagem; na primeira disposições de resposta são essenciais; devemos modelar pensamentos em termos linguísticos, mas o pensar é adquirido logicamente a partir de um pensar em voz alta, modelado na prática comunicativa da fala; a diferença entre seguir padrões e obedecer a regras; uma visão funcionalista da significação; redução nominalista do discurso sobre propriedades ao de categorização sintática; a operacionalização de significados como funções-uso (com o uso das "citações ponto"); o espaço de razões e a ordem conceitual/da significação; a dependência de discursos sobre algo aparentar ser, da de discursos sobre ser; o caráter pré-linguístico de representações animais e o que esse tem em comum com nossa representação das coisas (e um realismo possível em que há uma mediação causal das sensações para a percepção, mas em que esta última já contém elementos de outra ordem - conceitual); as duas imagems contrastantes do humano e a dificuldade de integrá-las...

Entretanto, como é comum ao autor, muitas vezes essas benesses estão escondidas sob um texto muito técnico e ao mesmo tempo esquivo, onde o excesso de discriminações e e bifurcações que dizem procurar tornar mais precisos os problemas acabam por tornar a posição do autor difícil de captar e dão uma impressão labiríntica; é normal sentir que a condução é errática, ao mesmo tempo sabendo que há algo de bastante preciso que emergirá dos confrontos ocultos dos textos. Assim, há uma clara escolha aqui de privilegiar o que o texto proporciona e não dizer simplesmente que podem ser problemáticos. É preciso gostar deles, de todo modo, para esperar o momento da segunda leitura.
 
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henrique_iwao | Apr 25, 2023 |
Um artigo em quatro longas partes, bastante longo e com uma condução excêntrica, ainda mais do que se poderia esperar do autor e que se recusa a abacar, inserindo "só-mais-uma-coisa"s ao final. A discussão detalhada e técnica sobre a posição de Goodman sobre antecedentes de contrafactuais, e subsequente desdobramento (como é comum ao autor), em uma miríade de especificações e discriminações possíveis, quando chegamos finalmente à terceira parte, torna difícil saber o trajeto pelas posições e principalmente, como aparecem suas teses mais gerais - da ligação entre descrições e explicações. E sua diferenciação do mero etiquetar, com a colocação da consideração das consequências de aplicação (e não apenas das circunstâncias apropriadas) como momento chave na compreensão de como funciona a linguagem. Embora haja um tanto de coisas geniais, o tamanho e a dificuldade tornam o todo desbalanceado e alimentam um sentimento de perplexidade. (E então certamente pede pra ser lido mais de uma vez, mas ao mesmo tempo, o autor poderia ter eventualmente lapidado o texto...)

De toda forma, mostra como um entendimento da linguagem em termos normativos ajuda seriamente a desfazer confusões lógicas em torno do estabelecimento de contrafactuais e como nossa própria prática descritiva evoca implicitamente uma rede de comprometimentos que se explicita, envolve o uso de subjuntivos condicionais (ligado a um vocabulário alético/modal, da necessidade e possibilidade). Acaba assim tendo uma posição contra qualquer tentativa de isolar termos como puramente descritivos no sentido de não envolver redes de condições, contra os empiristas, mesmo após as técnicas de lógicas dos vários mundos. Acaba com isso abordando o que fazemos quando envolvemos noções de causa e de razões, em mais de um sentido diferente, para falar de coisas e propriedades.

Ademais no meio há algumas pérolas slogans, como essa paródia de marx "filósofos naturais até agora se preocuparam em entender "significados"; a tarefa é mudá-los".
 
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henrique_iwao | Dec 20, 2022 |
Sellars, em um texto barroco e complexo, expõe em suas diferentes variantes o mito do dado - de que existe conhecimento não-mediado, imediato, direto. O faz em considerações analíticas de posições históricas - colocando uma versão clássica-realista, uma empirista, dos "dados dos sentidos" e versões contemporâneas (até a década de 50) ainda tingidas pelo mito, para chegar na versão ryleana, que elimina o mito, mas a custo de eliminar as categorias importantes do pensamento (episódios mentais internos) e impressões - isto é, de dizer que a entidade "mente" é ilusória. Sellars quer então mostrar que há como ser wittgensteiniano sem ser ryleano - que é possível manter, via apelo à noção de entidades teóricas, essas categorias e ao mesmo tempo recusar o mito do dado. Isso o leva a formular o "mito de Jones".

O homem é um usuário de conceitos, cuja unidade básica é o uso da palavra pra fazer julgamentos. O coloca no espaço das razões - o jogo de dar e pedir por razões, em meio a uma comunidade de usuários da linguagem. Mas então, e as impressões, não fundamentam nada? Não. A racionalidade não precisa de um início ou fundamento, mas mecanismos de auto-regulação. É possível modelar o pensamento como performances verbais públicas internalizadas e impressões como relatos observacionais internalizados. Nossas disposições diferenciais confiáveis de reação são ligadas em paralelo ao nosso sistema conceitual, de modo que possamos dar respostas confiáveis, e endossar afirmações sobre o mundo, de um ponto de vista de alguém que considera ter uma mente.

(Eventualmente, há talvez algum isomorfismo aí, mas ele seria desvendado por uma metodologia científica, de tipo diferente da epistêmica-normativa do uso comum da linguagem.)

Enfim, é um texto fascinante, convincente, influente, importante, mas difícil. Para ler pelo menos duas vezes, a segunda fichando. A tradução me incomoda aqui e ali, muito dura na passagem do inglês ao português. O livro vem acompanhado de um guia de leitura do Robert Brandom que é realmente útil.
 
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henrique_iwao | 2 autres critiques | Aug 30, 2022 |
Instead of coming to have a concept of something because we have noticed that sort of thing, to have the ability to notice a sort of thing is already to have the concept of that sort of thing, and cannot account for it.

Brandom's study guide almost brought me to the point of understanding Sellars, but Brandom himself is hard to follow. Maybe someday Harvard will publish a new edition with a study guide to Brandom's study guide so I can finally figure out how this is all supposed to work.½
 
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drbrand | 2 autres critiques | Jun 16, 2021 |
Philosophical semantics is not at all my forte, and it may be that I'm totally philistining on this, but it seems deeply minor to me. Sellars's main point seems to be that meaning is not a reference relation but a copular relation, because to say e.g. "und means and in German" is to say "unds are ands in German." Fine (really, not so fine, because it presumes a theory of word–idea relation that is referential through and through, rooted in Locke); but so what? Synthese.
 
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MeditationesMartini | Mar 2, 2014 |
A classic that has OFTEN been reprinted.
 
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vegetarian | Dec 19, 2011 |
Occasionally confusing, this key text in the history of modern philosophy is nevertheless brilliant, and I found the arguments somewhat more convincing than Austin's Sense and Sensibilia (which treated of the same matters, and was I believe published a few years after this monograph by Sellars).
 
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lukeasrodgers | 2 autres critiques | Mar 15, 2010 |