Zita Seabra

Começa esta obra com o comunismo perseguido em Portugal, no tempo do comunismo dominador da URSS; termina com o comunismo perseguidor que emerge quando a URSS implode. Não fosse esta a verdade histórica e seria um excelente enredo para um romance sobre o comunismo.
Zita Seabra tem a sorte de ter vivido e escrever sobre 25 anos fundamentais na história do século XX, tanto para Portugal como para o comunismo internacional. Quase todos os episódios são relatados sem a paixão e cegueira do crente mas também sem a raiva do banido.
É notório que não gosta de Álvaro Cunhal, mas faz um retrato dele muito verosímil que serve a muitas outras pessoas em posição de chefia, pelo que se justifica e compreende o seu desamor pra Cunhal.
Em conclusão, é uma obra muito interessante e, para além disso, está bem escrita. A coerência narrativa é tal que refere os acontecimentos duas vezes: quando ocorreram e quando produziram efeitos.… (plus d'informations)